Sou quase nada,
sombra do que já foi.
Me percebo, pálida, mas não me compreendo.
Alma na ponta dos dedos,
não consigo agarrá-la,
me perco em mim mesma.
Vou-me embora
num devaneio duvidoso,
chuva de incertezas.
Me levo à Solitude.
No silêncio do vazio,
um espelho. A consiência.
Neste mergulho incerto,
existo intensamente,
o fogo de ser me engole.
A ponta dos dedos
são mãos, apertos,
agora já não me escapo.
A palidez, de branca
torna-se rósea,
torna-se olhos e pensamentos.
Sou
e sei que sou,
Eu.
Caetano Veloso.Samba de Verão
Nenhum comentário:
Postar um comentário