terça-feira, 7 de julho de 2009

Há uma poesia oculta em cada gota de sangue

[...]
Eu sangro nesses versos
Tal uma árvore numa serra
Eu sou a paisagem vazia
Que surge depois que ela tomba

Eu sangro nesses versos
Como os pulsos duma suicida
Eu sou a pele da empregada de ébano
Que limpa a morte dela

Eu sangro nesses versos
Igual ao o Domingo irlandês
Eu sou segunda-feira sombria
Que nasce sobre treze mortos

Eu sangro nesses versos
Todo sangue que possuo
Eu morro nesses versos
Mas vivo toda eternidade

Eu sou o poeta

Mário de Andrade


Baden Powell e Vinício de Moraes.Tristeza e Solidão

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